sábado, 3 de abril de 2010

A Páscoa é gozada

A Páscoa é gozada, quando observada do ponto de vista antropológico.
A mesma malta ensandecida que saía às ruas há mais ou menos um mês atrás, semi-nua e completamente alcolizada, gritando refrões tribais monossilábicos, e segurando nas mãos pedaços de metal, talvez alumínio; é a mesma que lota as ruas e calçadas das cidades ditas civilizadas, numa correria desenfreada e alucinante. Para quê? Para comprar. A mesma coisa? A resposta é não.
A turba que pode ser vista nas ruas de nosso país divide-se em dois grupos distintos e antagônicos quanto ao objetivo. O primeiro deles é formado pelo conjunto de pessoas interessadas em balancear a alimentação e incluir nas mesas de jantar de suas famílias um cardápio equilibrado, rico em vitaminas e sais minerais. O segundo grupo procura objetos quase sagrados, praticamente um fetiche, como diria Lévi-Strauss, que se resume a um composto de cacau e gordura em formato oval embrulhado num envólucro plástico com motivos de desenhos animados e personagens de filmes.
São os Caçadores de Peixes e Caçadores de Ovos. Por que fazem isso? Eles não sabem. Por que compramcompramcompram? Eles não sabem. O que isto tem a ver com a Páscoa? Eles não sabem. O que é Páscoa? Eles não sabem. Por que eu me preocupo com isto? Eles não sabem.

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