domingo, 14 de março de 2010

Depois que geramos um filho, ele começa a andar, falar e fazer todo tipo de gracinhas. Logo somos assaltados pelas dúvidas quanto ao seu futuro. O que ele vai ser quando crescer? Esta, certamente, é a pergunta que mais forte ressoa na consciência dos pais.
Imediatamente, no entanto, ponho-me a pensar no que nós, pais, somos, enquanto já crescidos. Isto de "ser" não é uma coisa assim tão fácil. No mais das vezes não somos nada. Melhor dizendo, não somos muita coisa.
Geralmente temos sonho de cursar uma faculdade e adquirir uma profissão. Teremos um título, um canudo, e, daí, seremos respeitados. Isto quando jovens. Conforme envelhecemos, descobrimos que não é bem assim. Sob este ponto de vista, especificamente, minha esposa e eu não somos nada. Não sendo nada, não somos ninguém.
Entretanto, não nos apercebemos de que somos coisas muito mais importantes. Certa noite, enquanto dialogávamos a este respeito, disse à minha mulher: "Você é mãe, filha, esposa, sobrinha, irmã, amiga, vizinha, colega. São relações que guardam em si um nível de significado quiçá mais elevado do que o de um diploma. Ser uma mãe dedicada, uma filha respeitosa, uma esposa companheira, sem sombra de dúvida, representa mais honra do que ser um médico charlatão, um advogado mentiroso, um engenheiro corrupto ou um Senador da República.
Deter conhecimentos técnicos ou científicos é privilégio de poucos. Sem embargo, cultivar relações de amizade ou parentesco fundadas na honestidade, amor, respeito, é prerrogativa de raros.

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